sábado, 1 de maio de 2010

Ainda lembro as ânsias

Há o que falar
Há, ao menos, a vontade de falar.
O desejo de me comunicar com a lembrança do que eu queria que fosse você.
E se você fosse o que eu lembro que você é, eu diria muito.
Falaria de saudade, desejo e perdão, se fosse necessário.
Se isso fizesse matar a saudade e o desejo.
Mas eu só tenho uma lembrança. Nada mais.
Gosto de ter uma lembrança.
Além dos momentos que me fizeram sentir felicidade e que aconteceram de fato, eu posso inventar muitos outros
Todos inspirados em dias de cumplicidade, de uma amizade apaixonada.
Gosto de me alimentar desses dias passados, mesmo sabendo que os próximos são menos que lembranças inventadas e desejos reprimidos
Os próximos dias são limitados pelas 24h e pelas lembranças que você escolheu guardar.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

E castigo.

Quando começou a ser proibido dizer o que sente sem ter medo?
Quando eu comecei a ser obrigada a fingir que tudo é mentira ou que tudo é verdade?
Que mundo é esse que me faz eu me sentir mal por ter os sentimentos mais puros e profanos ao mesmo tempo?
Que mundo é esse que faz da sinceridade chacota para os corações perversos?
Quando os corações perversos passaram a ser maioria?
Quando comecei a ter vergonha de querer descobrir se é amor ou paixão?
Nenhuma dessas perguntas traz respostas interessantes.
Eu não pergunto procurando respostas.
Pergunto para fugir das respostas que não têm perguntas.
Quero fugir das certezas que insisto em duvidar.
Gostaria de não sentir o proibido ao invés de ter medo de o confessar.
Gostaria que não houvesse verdades ou mentiras ao invés de fingir sua existência.
Gostaria de poder ser puramente profana ou profanamente pura sem me sentir mal.
Gostaria de ter um coração perverso para contemplar o fim do amor e da paixão.
Gostaria ia ia ia... mas nem fui.
Eu minto quando digo não saber das coisas. Todo mundo mente quando diz não saber das coisas.
Isso acontece porque preferiríamos não saber.
A dúvida é um álibi.
Você é o meu crime.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Minha perfeição da metáfora

Talvez hoje eu devesse comemorar meu aniversario.
Talvez hoje todo mundo devesse dar os parabéns a mim.
Talvez hoje eu devesse ganhar presentes.
Talvez hoje eu devesse ouvir muitos “tudo de bom pra você”.
Porque sou eu que tenho a graça de te ter como amiga, de saber que você nasceu hoje em uns anos atrás, pra um dia ser a minha Vandinha.
Ou talvez não.
Talvez não seja necessário.
Saber que você existe e que de algum jeito eu posso te chamar de “minha” me dá motivo para comemorar meu aniversário todos os dias.
Todos os dias as pessoas deveriam me dar os parabéns por ter conquistado sua amizade.
O melhor presente eu já ganhei e nem preciso dizer que ele começa com A (comeram o P).
E tudo de bom eu já tenho com voce.
Talvez por isso eu não precise comemorar meu aniversario hoje.
Mas vamos comemorar o seu então.
Os parabéns são por você ter conseguido me suportar por mais um ano, eu sei, não foi fácil.
Vamos pular a parte dos presentes, ok?
E enfim, tudo de bom pra você.
Como você já sabe, eu quero ser melhor em tudo para que esse tudo seja seu porque você merece o melhor.

Feliz aniversário, minha Vandinha.
Pra Sempre, eu te amo.

domingo, 15 de novembro de 2009

Sem km/h


Um disfarce. Um acaso. Um caso.
Sem sentimentos
Cem sentimentos
Me diga você o que é isso.
Me faça arder
Não quero sentir medo
Isso eu já sinto sem você
Uma pose. De relance um lance.
Um laço.
Um afeto. Um amasso.
Palavras tortas.
Sem amores
Cem amores
Sacode minha vida, levanta meu astral
E diz tchau.
Um paralelo. Um par. Um elo.
Sem desejos.
Cem desejos.
Mente vazia cheia de beijos
Esqueci que você é de lá.
Então vá.
Mas deixe alguma coisa, um sinal
Um sentido sem sentidos
Cem sentidos.

domingo, 8 de novembro de 2009

All star

Perceber a mentira dos contos de fadas não é culpar a escassez de príncipes encantados, é admitir que não se é uma princesa.
E não poder culpar o outro machuca e entristece.
Sempre foi bom acreditar que existiria alguém no mundo que passaria a noite a procurar a garota do sapato de cristal n° 33/34.
Mas o encanto se desfez antes da meia noite.
A princesa não quer mais andar de salto alto.
Nem se quer acha que pode ser chamada de princesa, embora ainda preserve o desejo de a ser.
Sabe que não consegue ser a tampa da panela
O pé doente para o sapato velho
E só consegue ser a metade da laranja se for a parte podre.
Embora preserve o desejo de ser perfeita para alguém.
Ainda não o é e não lamenta exatamente por isso.
Só por aquela vontade de ser um pouco normal. Mas logo passa.
Como passa a emoção do amor. Como passa a tristeza da desilusão. Como passa a vontade de você. Como o trocadilho infame da uva passa.
De fato passa.
E pode ser que eu ate me sinta bem por andar de all star.
Por eu ser só minha ou de quem eu quiser.
Bem por não pertencer à esfera delicada dos romances aparentemente perfeitos e absolutamente findáveis.
Pode ser também, que daqui pra amanhã, eu queira um sapato de cristal, ou eu beije um sapo. Pode ser.
Mas hoje, o meu all star vermelho combina apenas com as minhas unhas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Pode ser, se eu estiver a fim


Em segundos vejo tudo perder o sentido, minutos depois recupero toda segurança que há em mim. Se é que há.
Talvez seja mais uma das minhas farsas
O que me dá a chance de ser tudo e ser nada.
Pode confiar em minhas palavras, só não as eternize.
Se te digo que te amo, foi exatamente naquele momento que o sentir. Já amanhã? Se eu disser que te amo de novo, é porque voltei a amar, se não o disser, porque não o sinto mais. Talvez mais tarde.
Perturba-me às vezes não saber prever o que serei, do que gostarei, de quem gostarei, ou se simplesmente gostarei. Assusta-me essa vulnerabilidade, mas assumo o risco de me ser. Se é que sou.
E quem é que sabe?
Minhas únicas certezas eu não posso revelar, são sujas e o mundo é limpo. Não é assim que parece? As verdades sao tão preciosas que se tornam um prêmio para quem as ouve. Não darei este presente a todos.
Já não me chateiam os percalços da vida, não hoje. Talvez amanhã. Mas hoje, gosto do que preenche minha cabeça e me sinto bem por não ser comum, talvez pior que a maioria, mas não me preocupa. Não hoje, talvez amanhã. Gosto do que ouço, gosto do que vejo, gosto do que sinto, não gosto do que digo, mas gosto de dizer. E digo. É a vida ardendo em mim e me pedindo para viver. Não é amor pela vida que sinto. Só um desejo de preencher a vida com amores e os amores com um pouco mais de vida.Por hoje eu seria tudo, talvez amanhã não. Não eternize minhas palavras. Só acredite nelas, hoje. Talvez, amanhã não.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"Se tudo está tão bem, não era para eu estar também?"

Pamella Mendes

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Alucinógena


Pior que descumprir uma promessa é abortar um sonho e pior que abortar um sonho é deixar de cumprir um sonho prometido. Deve até ser pecado uma coisa dessas.
O amor é muito grande para justificar cada despedida da lucidez e o apego à insensatez. Como se acordar com o pé direito fosse melhor que nem deixar os pés tocarem o chão.
Como se eu não soubesse que as pessoas passam a vida esperando por aquilo que dará sentido a tudo ou que fará tudo perder o sentido. Como se eu já não soubesse que pessoas venderiam a alma para estar no meu lugar se te conhecessem como eu conheço. Como se eu me importasse com o por vir. Você me faz não pensar no passado e me faz querer um presente muito peculiar, só nosso.
Bom, se o futuro me assusta, com certeza não é por medo do mal que você possa me causar. É medo do bem.
Depois de estar com você, que vontade terei de viver dias que me ofereçam menos que isso?
Tenho medo sim de te ver.
E nem é por você ser fedida, usar óculos, aparelho e seu cabelo ser matéria-prima para vassoura. Uma hora a gente acostuma.
Tenho medo de te ver, porque posso depois não querer olhar para outro lugar.
Tenho medo de sorrir com você e fazer todas as outras coisas perderem a graça.
Tenho medo de abraçar você e terminar por te transformar na minha gêmea siamesa.
Tenho medo de andar ao seu lado e na sua ausência nem perceber que tenho pernas.
Tenho medo de assistir a um filme com você e depois sentir que, sem você, minha vida é um cinema mudo.
Tenho medo de tudo que é bom.
Tenho medo de simplesmente te encontrar, porque sou capaz de fazer parar o tempo eternizar o momento que, sem dúvida, será o mais feliz da minha vida.

domingo, 27 de setembro de 2009

Muito além


Como se as palavras fossem suas e num ato de submissão, na sua presença, todas elas se escondem como se não fossem dignas de aparecer para ti. Nem uma delas é inteligente ou bonita o bastante para ser dita a você. Até o silêncio se incomoda por ser tão calado. Tudo na sua presença.
Nada me pertence, nem as palavras, nem o silêncio. A sua possessão sobre tudo justifica meu comportamento inquieto e esquisito. Não tenho o controle nem dos meus pensamentos. Isso só pode ser magia e das mais negras possíveis. Meus olhos não te reverenciam como todas as outras coisas o fazem, eles te desejam. Eles te vêm tão impuro quanto sagrado.Se houvesse uma maneira de impedir isso, eu não mudaria nada. Porque me faz bem o pensar em você. Faz-me tão bem quanto mal. Tão mal que até me faz esquecer que me faz bem. É quando eu sinto vontade de arrancar os olhos. Mas teria de arrancar muito mais que isso. Já estou impregnada de você. Eu tenho que parar com essa mania de você. Parar com a mania de querer o bom e o belo, com a mania de me afixar às mais ilícitas vontades e de sentir que tudo só será melhor se puder partilhar cada minuto com o mais incrível dos desejos proibidos.

domingo, 20 de setembro de 2009

Tempos Modernos


Composição: Lulu Santos

Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima do murode hipocrisia que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais farta e clara
Repleta de toda a satisfaçãoQue se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
E que isso valha prá qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo o que há prá viver
Vamos nos permitir!